segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Uma história que poucos conhecem

Eu estava empolgado com a novidade. Poder voar sem motor, saltar de uma montanha, controlar o voo apenas com o peso do corpo e pousar suavemente no vale. Era fascinante. Foi ainda nos primórdios do voo livre no Brasil que, em março de 1982, eu iniciava o curso de asa delta em Sapiranga. O primeiro voo de asa delta no Brasil havia sido realizado poucos anos antes, em 1974, por um francês que saltou do Corcovado no Rio de Janeiro. Aqui no Rio Grande do Sul os primeiros voos seriam realizados somente dois anos mais tarde, em 1976. Guardo apenas quatro fotografias daquelas façanhas. A primeira é do local dos treinamentos iniciais. Os candiadatos a Ícaro eram levados para um pequeno barranco, onde praticavam decolagem e pouso.


As outras três fotografias são da véspera do dia de Natal daquele mesmo ano, 24 de dezembro de 1982, quando convidei a minha (apenas) amiga Beatriz Schlatter e seu irmão Raul, para presenciar um voo que pretendia realizar em São José do Hortêncio. Havia naquele tempo somente a rampa de decolagem do morro Ferrabraz, em Sapiranga e eu estava decidido a encontrar novos locais para praticar o voo livre.


Montei a asa no meio da estrada rural e decolei dali mesmo, sem rampa, para pousar suavemente no campo de criação de gado de um colono, para desespero de suas vacas, que fugiram correndo apavoradas com o rabo em pé, quando viram "aquela coisa" descendo do céu.


Naquele dia a decolagem, o voo e o pouso foram um sucesso, mas nunca mais voei ali.


Pouco tempo depois, em fevereiro de 1983, a Breatriz e eu começamos a namorar. Voei ainda por mais dois anos, mas somente de vez em quando, sem a regularidade que seria recomendada para a prática de um esporte aéreo de risco. Eu realmente estava mais interessado na namorada que no voo livre. O esporte aéreo exige dedicação e o voo livre é praticado individualmente. Enquanto um voa e se diverte o outro fica esperando. Isto não combinava com o momento que eu vivia. Ninguém me falou, mas lá no íntimo eu sabia que era tudo uma questão de tempo e então seria a asa ou a namorada, ou talvez pior, um acidente pela pouca frequência de voos. Então fiz a escolha, pendurei a asa na garagem onde ainda hoje ela se encontra pendurada, há 26 anos. Fiz uma boa escolha porque estávamos iniciando 7 divertidos anos de namoro, seguidos de 21 felizes anos de casamento, sem asa delta, mas com muitas, muitas outras aventuras a dois, que valeram bem mais do que alguns voos solitários.
Crédito das fotos:
1 - Heinrich Hasenack
2, 3 e 4 - Raul Schlatter

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Presente da natureza



O epílogo de um dia de velejada com intensos ventos e muito esforço físico foi esta pintura formada por negras silhuetas, presente da natureza, às margens da Lagoa Itapeva.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Cambirela

O morro Cambirela faz parte da cadeia montanhosa do Parque Estadual Serra do Tabuleiro em SC. Nasce dentro do Oceano Atlântico e se eleva em uma rampa contínua até 1.043 metros sobre o nível do mar. Esta particularidade dá àquele que o escala uma vista privilegiada do mar a leste da montanha. A vista para oeste também é magnífica, com o verde da Mata Atlântica cobrindo a Serra do Mar.



A noite se aproxima, a temperatura cai rapidamente e a atmosfera limpa promete uma vista espetacular do mar de luzes da grande Florianópolis. Em destaque o principal cartão postal da capital catarinense, a ponte Hercílio Luz.


O dia nasce suavemente, acompanhado de uma leve brisa, resquício dos furiosos ventos que na escura noite de lua nova, sopraram sem piedade no pico do Cambirela. A madrugada gelada dá as boas vindas aos mornos raios de sol e lá em baixo as pessoas começam seu ciclo diário, ignorando a montanha, que parece contemplar tudo com serenidade.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Água e aves

Água, muita água para todos o lados é o que se vê na região da Lagoa do Peixe no litoral sul do Rio Grande do Sul. Águas rasas, ricas em alimentos, atraem bandos enormes de aves aquáticas e entre elas o flamingo. Bandos de mais de 500 indivíduos podem ser avistados e dão um espetáculo inesquecível alimentando-se nas águas pouco profundas e sobrevoando a região.


A primavera já está quase chegando e a família do João de Barro vai crescer. Para que os filhotes tenham segurança, uma casa está sendo contruída.


Outras aves como a andorinha também desfrutam o espaço, a tranquilidade e a abundância de alimento da Lagoa do Peixe.


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Bagé

Município de grande importância econômica e política na história do Brasil, Bagé deixa transparecer na arquitetura e urbanização da cidade os períodos bons e ruins pelos quais passou na sua existência. Prédios imponentes, como a prefeitura municipal que vemos abaixo, dividem o espaço urbano com construções toscas, numa cidade de trânsito desorganizado e com uma periferia miserável.
Bagé tem na atividade primária a sua principal fonte de renda, destacando-se diversos haras primorosamente instalados. Os mais bonitos pertencem a estrangeiros, com plantéis de cavalos milionários e manejo profissional.

Ainda estava completamente escuro quando saí do hotel, na madrugada do dia 3 de agosto. O termômetro do carro marcava 2 graus celcius negativos. A noite que terminava havia tido um céu claro e aberto, o que indicava que poderia haver geada, mas enquanto eu dirigia para fora da ciade, não fazia a menor idéia do que me esperava.
Naquela madrugada Bagé teve a temperatura mínima do estado, pois foi a porta de entrada da forte massa de ar polar que chegou ao sul do Brasil e que nos dias seguintes provocaria nevascas nas serras gaúcha e catarinense.
A geada foi muito intensa, deixando branca a imensidão dos campos de Bagé, até onde a vista alcançava.

O sol surgiu forte e claro, mas durante todo o dia a temperatura não passou dos 6 graus centígrados.