segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pela hora da morte

Os animais silvestres que correm risco de extinção em determinada área geográfica são classificados oficialmente na seguinte ordem crescente de acordo com a severidade da ameaça: vulnerável, em perigo, criticamente ameaçado e extinto. Entre os especialistas, no entanto, ainda há mais uma categoria informal, que poderíamos colocar entre os animais criticamente ameaçados e os extintos. São aqueles que estão "pela hora da morte".


O Cervo-do-pantanal, maior cervídeo da América do Sul, nunca foi abundante no Rio Grande do Sul e a sua ocorrência limita-se hoje somente a uma pequena área de preservação, a menos de uma hora de Porto Alegre, o Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos. São somente 2543 hectares e é o que restou de uma grande área de banhados que foi transformada sobretudo em lavouras de arroz. Não se sabe ao certo quantos indivíduos ainda existem no refúgio, mas estimam os biólogos que um Cervo-do-pantanal necessite ao menos 100 hectares para viver. Assim seria pouco provável que haja mais de 20 indivíduos vivendo ali e isto é tudo o que existe no estado do Rio Grande do Sul.


Uma fêmea apareceu enquanto andávamos por uma trilha. Ela nos percebeu, avaliou o risco e resolveu fugir. Fez muito bem. Ela tem a difícil tarefa de perpetuar uma espécie que está "pela hora da morte". Tomara que o ser humano permita que ela tenha sucesso.

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