segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

1880 - Relato de meu bisavô




Os grandes felinos sempre despertaram sentimentos como admiração e medo. Foram caçados e exibidos como troféus de bravura e coragem. Suas peles eram, e às vezes ainda são, orgulhosamente estendidas como tapetes em residências de pessoas abastadas.

Em maio de 1880 o imperador D. Pedro II visitou a região de Ponta Grossa no Paraná. Lá morava o meu bisavô, recém imigrado da Alemanha. Ele foi encarregado de liderar a recepção dada ao imperador pela colônia alemã que lá havia. Mais tarde fez um interessante relato desta visita, contando detalhes da passagem de D. Pedro II por aquelas terras. Enquanto ainda preparava a recepção, foi convidado a visitar a casa na qual ficaria hospedado o imperador e cita:

"Na primeira grande sala o assoalho era forrado por duas peles de grandes predadores brasileiros, uma de um puma (leão) e a outra de uma onça (tigre). Ambas as peles eram de um tamanho tal, que eu nunca havia visto. Eu estimo 14 pés de comprimento sem focinho e rabo. O senhor da casa me contou que ambos os predadores foram abatidos nas proximidades de Guarapuava (Paraná). A história eu ouvi. Porém era difícil acreditar na sua veracidade. O tamanho dos animais me causava tal espanto, que eu não podia crer que tivessem sido abatidos tão próximo de uma região povoada. Somente algum tempo depois encontrei uma pele de tigre de tamanho semelhante num seleiro alemão, que a estava preparando. Foi então que tive que acreditar que nas proximidades de zonas habitadas existem predadores tão grandes."


Fotografias tiradas no Gramado Zoo

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Welcome to the jungle





Foi cantarolando a música do Guns and Roses, "Welcome to the jungle", que fomos entrando na floresta molhada pela chuva que acabara de cair, dando um aspecto jurássico à mata. As chuvas dos últimos dias deixaram os rios das montanhas "bufando". O ar saturado de água criava uma atmosfera surreal e as gotículas de água pulverizada pelas cascatas que caíam das escarpas rochosas molhavam tudo ao redor.

Mesmo assim algo de novo apareceu. Um filhote de Gavião-bombachinha (Harpagus diodon). Segundo meu amigo Glayson Bencke, ornitólogo da Fundação Zobotânica do RS, que identificou a ave da imagem abaixo, "uma importante foto, não pela raridade da espécie, mas pela raridade da plumagem". Trata-se de um indivíduo juvenil, com a plumagem característica.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Libélulas, libélulas, libélulas



No início eram bem poucas. Alguns segundos depois dezenas, e logo centenas. Mais alguns instantes e já eram milhares, depois dezenas de milhares, centenas de milhares, quem sabe mais de um milhão! Nada foi atacado, nada devorado, ninguém foi picado. Foi um espetáculo absolutamente inofensivo, um daqueles fenômenos que a natureza criou como se fosse só para nos encantar.
Era o final de um domingo de verão, dia de ventos amenos, de um céu plúmbeo e ameaçador, na margem sul da lagoa Itapeva.
Elas chegaram voando sobre a água. Buscavam terra firme, um lugar onde pousar, talvez apenas para descansar. O que será que motivou um agrupamento tão gigantesco e espetacular de libélulas?


Eram todas absolutamente iguais, tinham um tamanho avantajado e uma linda coloração dourada. Aves passaram voando perto delas, mas nenhuma se interessou em devora-las.
Por fim pousaram todas próximo ao solo, numa área de gramíneas altas. Ficaram ali, aparentemente só descansando, até que a noite chegou.


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Amizades e sorrisos duradouros


Trinta e seis anos separam as duas fotografias abaixo. A primeira é de julho de 1975 e a outra de 2011. Em 1975 os três adolescentes já eram ex-colegas de aula, que haviam construído uma sólida amizade, estudando juntos do sexto ao oitavo ano de escola, concluído em 1974.

Cresceram, fizeram o que todos fazem, casaram, tiveram filhos e a amizade continua. Cada um trilhou um caminho completamente diferente. Ao compartilhar as experiências vividas em todos estes anos puderam ter a certeza de que os valores construídos juntos permanecem iguais.

A aparência física mudou, mas a essência não. Prova disto é o que mais me chamou à atenção na foto atual, na qual o acaso se encarregou de manter os personagens na mesma ordem da antiga: a discreta forma de sorrir de cada um continua exatamente a mesma, trinta e seis anos depois.


Foto: Eliza Hasenack

Foto: Beatriz S. Hasenack

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Kite surf



Deslizar sobre a água rebocado por uma pipa dirigível de alta tecnologia é um dos mais modernos esportes de verão. Muita adrenalina e contato com a natureza, e o melhor, sem causar danos a ela.

Estranhas luzes noturnas



A foto acima foi tirada às 22:32 horas, em uma noite de muito vento, no final do mês de março de 2008 e alguns efeitos são resultado da feliz coincidência de vários fatores:

1. Era noite de lua cheia, mas a cobertura de nuvens conferiu uma luz difusa à cena.
2. A luz alaranjada da iluminação pública de cidades próximas à linha do horizonte refletiu nas nuvens baixas, dando cores quentes ao céu.
3. As nuvens moviam-se rapidamente, sopradas pelo vento forte, o que resultou em um efeito desfocado.
4. Foi usado um flash de preenchimento para revelar os detalhes dos juncos à esquerda da cena.

É verão de novo !!!


Foto: Beatriz S. Hasenack

Eu quero curtir a vida no litoral,
Liberdade, paz, amor, amizade sem igual.
Aqui há o que todo mundo quer:
Natureza, muita paz, alegria de viver.
Há o que todos querem ter:
Natureza, muita paz, alegria de viver.

O litoral é sol, é céu, mar azul,
No litoral é bom viver.
O litoral é sol, é céu, mar azul,
O litoral é só prazer.


Versos da música "Dança litorânea"- out/2010

Veja também:
http://walterhasenack.blogspot.com/2010/06/para-nao-esquecer.html

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A coruja "pé vermelho"

Pé vermelho é o apelido dado aos moradores do norte do estado do Paraná, na região de Londrina. A origem da alcunha é óbvia. A região tem uma das terras mais produtivas do mundo. Terreno argiloso, riquíssimo em óxido de ferro que tinge tudo de vermelho: as casas, os carros, as ruas, as pessoas, seus pés e também... as corujas.

A coruja-buraqueira (Athene cunicularia) se tornou mais conhecida e ganhou fama entre os gaúchos, ao protagonizar o cancelamento do show de fogos de artifício na virada do ano de 2007 para 2008 na praia de Capão da Canoa - RS.

Ela ocorre em quase todo o Brasil (exceto na região amazônica) e para fazer o seu ninho, escava buracos no solo. As corujas que se tornaram famosas nas praias do Rio Grande do Sul diferem na sua coloração das corujas-buraqueiras "pé vermelho", aquelas que habitam o norte do Paraná. Enquanto as que habitam as areias do litoral do RS têm penas claras e limpinhas, as do norte do PR são tingidas pelo óxido de ferro, honrando a terra em que nasceram.