quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo


A última postagem do ano é só para desejar um Feliz Ano Novo. Que 2011 seja ainda melhor que 2010 e que possamos encontrar no próximo ano não só o sucesso econômico e o desenvolvimento pessoal, mas que também possamos pensar mais nas pessoas que nos cercam, com o espírito despido de vaidades e orgulho pessoal. Que também possamos pensar nas próximas gerações. Que cada um adote pelo menos 5 práticas amigáveis ao meio ambiente no ano que incia. Coisas simples do dia a dia, mas que se adotadas por bilhões de pessoas que habitam o planeta, podem sim fazer a diferença. Que usemos mais o transporte público, que desliguemos a luz que está acesa sem necessidade, que compremos somente o que realmente vamos necessitar, que pensemos no coletivo e não no individual, que poupemos água, mesmo que nosso país seja abençoado com recursos hídricos enormes, que exijamos das autoridades soluções e ações concretas na proteção e recuperação do meio-ambiente. Só isto, e já é um bom começo, principalmente se as ações forem contínuas, do primeiro até o último dia do ano.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Um milagre no Natal


Milagres existem? Há controvérsias, mas entre crédulos e descrentes há uma certeza. Foi sobre-humano o que aconteceu antes do Natal de 1972 a um grupo de jovens uruguaios.
A história a maioria conhece. O que aconteceu está relatado no livro de Piers Paul Read, "Os Sobreviventes". Está também no filme "Vivos". Existem, entretanto, muitos detalhes que não estão no livro nem no filme. Estes foram contados ao vivo, por José Luis Inciarte (Coche) e Álvaro Mangino, em emocionante palestra à qual estive presente em dezembro de 2004.
As primeiras horas após o acidente aéreo pareciam ser as piores. Mal sabiam eles que acontecimentos muito piores ainda os esperavam. Viver mais de dois meses no alto de uma montanha gelada, sem esperanças de serem encontrados, os obrigou a achar uma maneira de sobreviver. Tiveram que elaborar um plano para sair daquela situação, colocá-lo em prática e concluí-lo com êxito. Poder estar aqui hoje para contar esta história é o que para eles prova a incrível capacidade do ser humano para se adaptar a situações críticas e também de sair delas.
Esta experiência deixou profundas lições na vida deles. Trinta e dois anos após o acidente Coche e Álvaro diziam ter absoluta certeza que as coisas mais importantes que podem existir para uma pessoa são a vida, a família e os amigos. “Poder estar vivo é o maior presente que recebemos e é isto que comemoramos a cada manhã há 32 anos."
Não há melhor hora para recebermos os sábios ensinamentos destes “amigos da vida” como gostam de se intitular. Natal é um tempo de reflexão, uma época em que somos estimulados a parar pelo menos alguns minutos para pensar naquilo que realmente importa na nossa vida, pensar na família, nos amigos, no sentido da nossa vida. Junto com o Natal sempre vem o início de um novo ano, hora de planejar, firmar estratégias para tentar vencer o desafio que está pela frente e que às vezes nos assusta.
Coche e Álvaro, obrigado por nos fazer ver que a vida é o maior milagre e que não devemos desistir jamais, pois sempre haverá uma maneira de sairmos da montanha gelada e de chegarmos aos verdes vales.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Feliz Natal


Por mais de 10 anos mantivemos o hábito de enviar para os amigos, uma foto da família, por ocasião do Natal. Em 2007 a Paula, que na época tinha 15 anos, criou a foto acima, que até hoje não foi superada.
Por isto, com esta bela criação da Paula, quero desejar a todos os leitores do blog um Feliz Natal e um ótimo ano de 2011.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Josafaz - 7 graus abaixo de zero


A noite foi gelada e somente ao sairmos das barracas é que percebemos como havia sido intenso o frio da madrugada. Tudo em volta estava branco de geada e um fogo foi a primeira providência da manhã.



Era setembro de 1994 e estávamos a quase mil metros de altitude sobre o nível do mar, no alto do canion Josafaz. O rio que corre pelos campos tem água cristalina, que se pode beber sem medo, mas naquela manhã, antes de pegar a água no rio, foi preciso quebrar o gelo da superfície.



O mais surpreendente ainda estava por vir. Havíamos deixado sobre o carro um copo de alumínio com água, que amanheceu congelada e com uma estranha ponta de gelo que se projetava a partir da superfície. Provavelmente primeiro congelou somente a superfície da água. Quando a porção líquida que havia debaixo do gelo passou para o estado sólido, o gelo da superfície rompeu devido ao aumento de volume da fase líquida que passava a sólida. Com a pressão interna aumentada, a água espirrou e ao mesmo tempo congelou, formando a estranha ponta de gelo.


Ampliando o termômetro da foto acima, conseguimos ver que a temperatura no momento era de 7 graus negativos.


Abaixo a estranha formação de gelo após ter sido retirada do copo de alumínio.


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A cebola faz chorar



Tavares é um pequeno município gaúcho situado entre o Oceano Atlântico e a Lagoa dos Patos. Região de terras arenosas, açoitadas pelo vento, lugar de gente simples, que se dedica sobretudo à agricultura.
Antigamente a ovinocultura era importante, mas deixou de ser bom negócio porque a lã, substituída por fibras sintéticas, já não tem preço atrativo no mercado. Algumas cabeças de gado são criadas, mas as terras secas e arenosas não são ideais para esta atividade. Restam poucas opções e a principal delas é o cultivo da cebola, vegetal que se adapta bem às condições de clima e solo da região.
A safra da cebola está por ser iniciada. As lavouras estão bonitas, a colheita será grande, assim como é grande o desânimo dos produtores. Enquanto que nos supermercados de Porto Alegre o preço do quilo da cebola varia de 1,35 a 1,59 reais, o produtor está recebendo apenas R$ 0,15 por quilo.
Visitei um agricultor que espera colher 30 toneladas na sua lavoura, o que ao preço de hoje vai lhe dar um rendimento bruto de 4.500 reais. Deste dinheiro ele tem que pagar as sementes, o adubo, os defensivos agrícolas, as máquinas, ferramentas e combustivel que utiliza, o trabalho de vários meses dele e da esposa que o ajuda e ainda remunerar o capital, que é o valor da terra que ele cultiva.
Países desenolvidos têm políticas de preços mínimos para produtores rurais, porque os seus governantes sabem muito bem que a produção de alimentos é estratégica para um país, mas muito mais do que isto, sabem que as cidades já abrigam gente e problemas demais e que a forma mais econômica de fixar as pessoas no campo é dando-lhes condições dignas de ganhar a vida. É também uma forma justa de distribuir renda.
Se não for assim, o agricultor que visitei será mais um que fará o mesmo que tantos vizinhos seus já fizeram. Venderá as suas terras por preço baixo a empresas "reflorestadoras" que estão transformando a paisagem da região em um deserto verde de pinus, contribuindo para concentrar mais e mais a riqueza nas mãos de poucos e destruir ecossistemas milenares.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O que Jean-Michel não viu

Quando criança, meus programas favoritos na TV, naquela época em preto e branco, eram as expedições marinhas documentadas pelo pai de Jean-Michel, o lendário Jacques Yves Cousteau. No dia 6 de julho de 2010, Jean-Michel Cousteau, acompanhado de uma equipe da RBS TV, esteve na Lagoa do Peixe. Tulio Milman, na Revista Fronteiras do Pensamento, encartada em Zero Hora de 27 de novembro passado, cita:

"Foi na Lagoa do Peixe que Jean-Michel foi assaltado pela terceira e mais contundente das surpresas. A quantidade de lixo dentro do parque era oceânica. Sacos plásticos, redes velhas, garrafas pet, embalagens de biscoito. Tudo em grandes quantidades."
No domingo passado eu estive lá e percorri os 14 quilômetros de praia que ligam a Trilha do Talha Mar à barra da Lagoa do Peixe. Estava tudo lá, como descreveu Tulio Milman, quantidades oceânicas de lixo, de todo tipo. Uma imagem chocante.
Só que havia mais do que lixo, havia uma grande quantidade de animais mortos. Entre várias espécies de aves (principalmente pinguins), peixes e mamíferos (muitos filhotes de golfinho), se destacavam três carcaças de enormes tartarugas marinhas.



Em seu artigo Milman ainda cita que "Apesar de tudo, Jean-Michel gostou do que viu."
Não creio que tenha visto tudo.