sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Canion Josafaz

A chegada ao canion Josafaz no domingo, dia 24 de janeiro, não foi das melhores. A menos de 1 km do ponto onde deixaríamos o carro, uma pedra saliente na estrada furou o cárter do veículo. Eu não estava, absolutamente, disposto a abortar o passeio. Como o óleo não vazava muito rapidamente, ainda houve tempo para manobrar o carro, estacionar à margem da estrada e desligar o motor. Um morador local que passava de moto, se encarregou de providenciar um guincho para quarta-feira, dia 27 às 9 horas da manhã. Tínhamos, portanto, dia e hora marcados para estarmos ali novamente. Enquanto isto a meta era desbravar o canion. Josafaz é um canion longo (mais de 13 km no trecho principal) e de paredes pouco íngremes, bem diferente dos conhecidos canions Itaimbezinho e Malacara. Por este motivo quase não se vê paredões rochosos. Pelo contrário, há uma exuberante floresta úmida cobrindo as paredes inclinadas Após mais de 3 horas de caminhada, em parte por trilhas na mata e também pelas pedras ao longo do rio, armamos as nossas redes de selva, não entre duas árvores como de costume, mas dentro de uma casinha de madeira abandonada. Existem algumas destas casinhas no interior do canion. Eram utilizadas por agrigultores que cultivavam pequenas roças de milho. Este foi o nosso abrigo por quatro dias. Ali havia também um tosco fogão com chapa de ferro, que utilizamos para preparar nossa comida. O que impressiona neste canion é a natureza vigorosa, o ambiente extremamente úmido, a enorme variedade de seres vivos e a água cristalina e gelada do rio. Nada ali é acolhedor para a presença do homem. O relevo é acidentado, os caminhos na mata são úmidos e escorregadios, andar pelo rio é difícil, molhado e estafante. A vegetação insiste em colocar espinhos, urtigas e outros obstáculos no caminho. Olhar onde se pisa é imperativo, para evitar acidentes com cobras venenosas, que existem em grande quantidade. Nem o cantar da aves pode ser desfrutado em silêncio, pois o rio caudaloso ruge sem parar.Durante os 4 dias que ali estivemos, andamos mais de 30 km sobre pedras, no leito do rio, nas encostas, em trilhas na mata e em pequenos trechos de estrada. Chegamos próximo ao início do canion, registramos a presença de 86 espécies diferentes de aves, mas acredito que ali possam haver em torno de 200. Ouvimos inúmeros sons, cantos, piados e gritos vindos da mata, que nem imaginamos de quem possam ser. A diversidade e a quantidade de vida selvagem naquele espaço tão restrito é impressionante.
Josafaz é um lugar para ser visitado muitas vezes, em diferentes épocas do ano. A primeira impressão foi de forte impacto. Minha vontade foi de ficar ali por mais tempo, descobrindo, observando sendo surpreendido, como no encontro com a irara, mamífero muito difícil de ser observado na natureza, que veio distraidamente ao nosso encontro, enquanto descansávamos na beira do rio. Mas o incidente da chegada nos impunha um compromisso marcado com um desconhecido.
No dia, hora e local marcado estava um agricultor da região. Com seu velho trator nos rebocou durante 3 horas até a oficina mais próxima, que no final daquele dia, nos entregou o veículo consertado.
Foto de Ruben Poerschke

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Voltando às aventuras na natureza


Depois de 11 anos morando no Paraná, sempre trabalhando muito, sem tempo para mais nada, estou de volta ao Rio Grande do Sul e a uma das atividades que mais amo: aventuras na natureza.


Na semana passada foi possível darmos uma rápida chegada ao topo do canion Josafaz. Foi um passeio de somente um dia, mas o suficiente para contemplar a grandiosidade e a beleza daquele lugar.


Na semana que vem vamos fazer algo bem mais radical. Entrar a pé pela parte de baixo do mesmo canion (perto da cidade de praia Grande - SC) e permanecer 4 dias no interior do canion.


Espero poder contar alguma boa história na volta.

O meu arco-íris



Foram tantos os elogios para a foto que a Beatriz tirou do arco-íris que fiquei com ciúmes.

Eu sei que a minha foto não é nem parecida com a dela, mas é a melhor que eu já fiz de uma arco -iris. Foi lá na Lagoa Itapeva, em dezembro de 2004. Pelo menos é um arco-íris completo e perfeito.
Ah, aquele risquinho no meio da base do arco-íris é o mastro do Hobie Cat. No lado direito o trapiche do Condomínio Itapeva.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Ainda sobre momentos únicos

Na postagem anterior (mais abaixo) eu falei sobre os momentos únicos. Muito já se disse que é necessário estar no lugar certo na hora certa. Sim, é importante, mas só isto não basta. Também é fundamental estarmos preparados para aproveitar o momento. Estar preparado nem sempre exige sofisticação e conhecimentos profundos. Estar preparado muitas vezes é sinônimo de simplicidade, agilidade e atitude. Isto vale para várias situações da nossa vida, na profissão, na escola, na família, com os amigos ou sozinhos, conosco mesmos.


Estávamos em São José dos Ausentes, região dos Campos de Cima da Serra, no RS. Era mês de fevereiro, e no verão o alto teor de umidade satura rapidamente a atmosfera, causando chuvas repentinas em pontos isolados. O conhecido sol com chuva, casamento de viúva. Quem não sabe que nestes momentos quase sempre vemos um arco-íris! Foi exatamente o que aconteceu, um arco-íris lindo, o mais lindo que já vi na minha vida, ali, bem pertinho de nós, muito brilhante, bem definido, contrastando maravilhosamente com as nuvens plúmbeas que derramavam água na luz do sol.


Corri para buscar minha máquina fotográfica que estava a menos de 10 metros de distância. Uma daquelas máquinas semi profissionais, cheias de regulagens complicadas, com várias lentes para serem usadas em diferentes situações. Tive que trocar a lente, modificar a regulagem do balanço de brancos e mudar o valor de exposição. Com habilidade, conhecimento do equipamento e prática não levei mais de 15 segundos para fazê-lo e depois correr para o ponto de onde se via o arco-íris.


Já não era a mesma coisa. O brilho ficou pálido, o contraste fraco, as cores sem saturação. Eu estava no lugar certo, na hora certa, mas lamentavelmente eu não estava preparado para aproveitar o momento.


A Beatriz estava. Com uma maquina simples, que estava na mão dela, sem precisar trocar lentes nem modificar regulagens, ela fez uma foto espetacular.

Foto de Beatriz Schlatter Hasenack

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Momentos Únicos

A nossa vida é cheia de momentos especiais. Alguns são produzidos por nós mesmos, mas a maioria se apresenta de maneira totalmente inesperada, uma única vez na vida. Muitas vezes não damos importância para tantas oportunidades que aparecem e deixamos para aproveita-las em outro momento, mais tarde, outro dia, e este dia nunca mais virá.


Assim foi o momento da foto acima, uma das minhas prediletas. A cidade de Londrina encoberta por pesadas nuvens de verão que se moviam rapidamente com os ventos que anunciavam mais uma tromba d'água. Eis que, por apenas um instante, abre-se uma janela entre as nuvens pela qual o sol projeta os seus raios sobre a cidade.


Este instante eu aproveitei, mas quantos desperdiçamos!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Luigi del Re

Haverá dor maior que a perda de um filho?

Conheci Luigi del Re em 1985. Participávamos, a Beatriz e eu, ativamente do COA (Clube de Observadores de Aves). Éramos ainda bem jovens, pouco mais de 20 anos, quando um dia apareceu um senhor alto, magro, com seus 60 anos, bastante calado, e quando falava deixava transparecer claramente seu sotaque italiano. Grande companheiro das atividades do COA durante muitos anos, nunca deixou de contribuir com suas preciosas crônicas, veiculadas nos jornais do COA daquela época, com sua amizade e com seu bom humor e também sua experiência de vida.
Ele falava pouco e poucas vezes tocou no assunto que tanto o martirizava e quando o fez foi de maneira muito superficial, nunca entrando em maiores detalhes.

A verdadeira profundidade da sua dor eu fiquei conhecendo há poucos dias, quando li seu livro intitulado “Bruno e os elefantes marinhos”.

Na dedicatória, escrita em dezembro de 2009, aos 87 anos, Luigi diz: “...talvez tu não sonhasses, mas as saídas com vocês, na época do COA, foram uma boa ajuda para mim, numa fase triste da minha vida.”

Seu livro todos deveriam ler, pois como diz Lya Luft na capa trazeira do livro: “Não é um livro sobre a morte: é uma obra sobre o amor de um pai. E como tal, faz parte dos livros que devem ser lidos porque, de certa forma, tornam a gente melhor.”

Obrigado amigo Luigi por publicar esta sua coletânia de crônicas sobre as lembranças de seu filho. Ainda que sua dor fosse quase insuportável, nos deu a oportunidade de nos tornarmos pessoas melhores.


Esta foto foi tirada em dezembro de 2008 num reencontro com Luigi del Re e Marcelo Medaglia, antigos companheiros do COA.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Lagoa Itapeva - Litoral Norte do RS


Foto de Beatriz S. Hasenack
A Lagoa Itapeva é o meu lugar predileto para velejar desde 1985. Do lado Oeste a montanha, com quase 1000 metros de altitude. No lado Leste o mar, que apesar de não ser visível a partir da lagoa, nos brinda com excelentes ventos, principalmente dos quadrantes Nordeste e Sudeste. Nos dias de vento Nordeste a montanha serve como um elemento que canaliza e acelera o vento, fazendo com que sua velocidade sobre a lagoa seja maior que na beira do mar, formando espumas brancas e ondas espetaculares para velejar com um Hobie Cat. O vento de Sudeste, normalmente com poderosas rajadas que surpreendem até os velejadores mais atentos, proporciona emocionantes velejadas como a da foto acima.

Fungos bioluminescentes

Lagoa do Peixe - Tavares/RS/Brasil

Faltavam poucas semanas para o Natal de 2009 e a natureza me proporcionou uma visão espetacular. Milhares de pequenos fungos bioluminescentes iluminavam a casca das árvores em volta do acampamento, emitindo uma tênue luz esverdeada. Foram horas de contemplação estupefata pela beleza do fenômeno. A fotografia acima não dá a dimensão do espetáculo, mas mostra dois exemplares dos milhares que ali estavam. Cada fungo destes é um pouco menor que uma ervilha.