Hoje os jornais e os sites de notícias estão cheios de comentários e fotografias da gravíssima situação da contaminação atmosférica na China.
Isto não é novidade. A foto acima foi feita em setembro de 2005, no meio da tarde, em Shangai, na China. Aquela tênue esfera cor de laranja que aparece no canto superior é o sol. O que o encobre não são nuvens, é poluição.
Aquela situação me motivou a escrever um pequeno artigo que foi publicado em um jornal que havia na empresa onde eu trabalhava na época. O texto é o seguinte:
A natureza é o limite
As
pessoas que têm 40 anos ou mais, assistiram nas últimas décadas uma
transformação impressionante causada por aquilo que chamamos de
desenvolvimento.
Desenvolvimento
gera riqueza e riqueza gera consumo. É bom para a economia, é bom para o ser
humano. Nas últimas décadas o número de pessoas que teve acesso aos bens de
consumo cresceu de maneira exponencial. Hoje em dia muito mais pessoas possuem
uma motocicleta, um ou mais automóveis, aparelhos de ar condicionado, enfim,
confortos da vida moderna.
Matérias
primas brasileiras são transportadas para a China. Lá são transformadas e
depois enviadas para consumo nos Estados Unidos ou na Europa. A cada dia mais
homens de negócios viajam pelos quatro cantos do mundo tentando vender seus
produtos. A competição mundial fez com que o tráfego aéreo em algumas regiões
do planeta esteja no limite do caos.
No
Brasil isto às vezes não fica tão evidente, pela vastidão do nosso território e
pela relativamente baixa densidade demográfica. Em regiões densamente povoadas
como a Europa, como o sul da China, isto fica muito mais evidente. Há milhões
de pessoas que já vivem as 24 horas do seu dia em ambientes climatizados, pela impossibilidade
de terem janelas abertas para ventilação natural dos ambientes, seja pela poluição
do ar, poluição sonora ou simplesmente por motivos de conforto térmico. Muita
partes do mundo não produzem mais alimentos, mas recebem estes das mais
diversas regiões do planeta.
O
desenvolvimento da economia gera riqueza e riqueza gera consumo e consumo gera
sem dúvida uma carga ambiental. Para que mais automóveis saiam às ruas, para
que mercadorias sejam transportadas, mais petróleo deve ser extraído,
transportado, refinado, distribuído e queimado. Para que mais pessoas usufruam
do ar condicionado, mais energia deve ser produzida. Com mais dinheiro, as
pessoas consomem mais, por conseqüência, geram maior impacto ambiental.
Há
regiões no mundo em que a água para beber depende da indústria do petróleo.
Nestas regiões ou a água é escassa ou está completamente contaminada e só se
consegue água limpa depois de destilada em fábricas que dependem da energia do
petróleo. A distribuição desta água é feita em garrafas plásticas, novamente
produzidas pela indústria petroquímica e distribuída por caminhões, movidos a
petróleo. Quando esta cadeia se romper por qualquer razão, a população rica e
desenvolvida ficará sem água para beber, talvez o bem mais fundamental da nossa
vida. No sul da China normalmente só se vê o sol como uma tênue esfera de cor
alaranjada, tamanha a contaminação atmosférica naquela parte do planeta.
Aí se
coloca a pergunta: qual é o limite do desenvolvimento e do consumo humano?
As
alterações climáticas do nosso planeta começam a se tornar evidentes e estão
sendo noticiadas diariamente. Isto coloca de uma maneira muito clara que o
limite do que chamamos de desenvolvimento será dado pela natureza. Não é
possível crescer indefinidamente, pois não haverão recursos naturais
suficientes para suportar este crescimento, a começar por um simples copo de
água, que poderá se tornar um bem disputado a alto preço.
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