domingo, 3 de julho de 2011

Ah se fosse na Europa...


Ah se fosse na Europa, todos os sábados, bem cedo, e nos domingos também, se formariam longas filas de turistas vindos dos mais longínquos pontos do planeta. Nos dias de semana as escolas e universidades organizariam excursões de alunos para ver, ouvir e aprender tudo nos mínimos detalhes. Haveria à venda vários livros, alguns científicos, outros destinados aos turistas leigos, com muitas fotos e informações úteis. Redes hoteleiras internacionais se instalariam ali e a economia da região giraria em torno dos personagens do local. Seria tudo bem organizado, com belas exposições em prédios desenhados e construídos para abrigar os grandes astros, que têm mais de 200 milhões de anos.

Poucos sabem, mas temos aqui no Rio Grande do Sul um patrimônio paleontológico enorme. Na zona central do estado há fósseis animais e vegetais em abundância maior do que na maioria dos sítios arqueológicos conhecidos no planeta.
  



Em Mata, um município de pouco mais de 5 mil habitantes, a 380 km de Porto Alegre, existe um pequeno museu municipal que nos brinda com poucos, mas lindos exemplares, cuidadosamente preparados por Cláudio Bortolás, que há mais de 30 anos dedica sua vida à descoberta, escavação, limpeza e preparação dos fósseis da região. Com entusiasmo inabalável ele relata detalhes do ofício que desenvolveu desde garoto, juntamente com o pioneiro da pesquisa fóssil na cidade, o já falecido Padre Daniel Cargnin.


Na verdade a pequena cidade é um museu a céu aberto, pois praças, ruas, igrejas e casas são construídas e decoradas com fósseis vegetais. Na fotografia acima vemos uma das maiores árvores petreficadas que foi encontrada na região, com mais de 11 metros de comprimento e pesando aproximadamente 15 toneladas.

Pois enquanto não tivermos um alto nível de interesse e valorização por atrações de enorme valor cultural e histórico como estas, pessoas que amam o que fazem, vão realizando de forma anônima o seu trabalho, na esperança de que um dia os brasileiros se dêem conta de quão importante é o que se encontra enterrado no centro do Estado do Rio Grande do Sul. Enquanto este dia não chega, resta-nos apenas esperar que as pessoas responsáveis por este patrimônio público nacional pelo menos zelem para que ele não seja destruído e assim talvez as próximas gerações possam dar o devido valor aos tesouros fossilizados.

3 comentários:

  1. Concordo contigo, Walter. Há que torcer para que pouca coisa se perca até que cheguemos a um padrão cultural e turístico satisfatório. A expedição que narraste acima é uma colaboração pontual mas importante nesse esforço. parabéns.

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  2. Sim, tenho convicção de que o patrimônio cultural, ecológico, histórico, turístico do Brasil é grande. Se houver uma gestão adequada estes pontos de interesse podem ser autosutentáveis e não subsidiados com as migalhas estatais. Poderão até mesmo dar retorno financeiro, como ocorre na maioria dos países onde a gestão do turismo é encarada de forma séria e competente. Creio que um dia vamos chegar lá também, mas para isto o que existe não pode ser destruído ou mal administrado, como se vê muito por aí.

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  3. É isso mesmo Walter. Penso exatamente o mesmo, mas realmente ainda são poucos que tem esta percepção. Enquanto isso seguimos divulgando. Quem sabe se consiga avançar...

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