segunda-feira, 22 de julho de 2013

Visão periférica x binocular


Embora tenhamos um afastamento muito pequeno entre os nossos olhos, as mínimas diferenças das imagens geradas por cada um deles, dão ao cérebro detalhes suficientes para que tenhamos uma perfeita noção de profundidade e por consequência da distância dos objetos que estamos vendo. Esta visão binocular é essencial para ações corriqueiras do dia a dia, como por exemplo, para avaliarmos a distância e a velocidade de aproximação de um veículo. Baseado nestas informações visuais e no conhecimento prévio da mecânica do nosso caminhar, o nosso cérebro terá elementos suficientes para decidir se poderemos ou não atravessar a rua antes de sermos atingidos pelo veículo. Por termos os olhos posicionados na parte frontal da cabeça, o nosso ângulo de visão binocular é bastante amplo.

Um grande número de espécies de aves têm os olhos posicionados lateralmente. Isto confere a elas um campo de visão binocular relativamente pequeno, um campo de visão periférico muito grande e uma área cega (atrás da cabeça) bastante limitada. Esta é uma adaptação necessária nas aves que são presas em potencial e que devem enxergar tudo ao seu redor, tanto quando estão pousadas, quanto voando. O desenho abaixo mostra a visão típica de um pássaro. No centro vemos  a cabeça vista de cima, com os olhos posicionados lateralmente. A área cinza representa o campo de visão binocular, a preta a área cega e as grandes áreas brancas são o campo de visão periférico.


Neste final de semana, em uma saída com o COA-POA ao Banhado dos Pachecos, pude fotografar um pequeno pássaro, chamado freirinha, em três posições que ilustram muito bem como é amplo o seu ângulo de visão periférica e como é estreito o ângulo de visão binocular. Na primeira foto vemos a ave com a cabeça de lado e podemos imaginar a amplitude do campo de visão deste único olho. Na segunda foto, que é bem frontal, vemos claramente que somos observados pelos dois olhos, tendo assim o passarinho, uma imagem binocular. Com a ave tendo realizado um pequeno giro de cabeça, percebemos, na terceira foto, que nos encontramos no limite entre os campos de visão binocular e periférico, pois já quase não conseguimos mais ver o olho esquerdo da freirinha.






Outras aves, como as de rapina (gaviões, falcões e corujas por exemplo), que dependem de uma perfeita percepção de profundidade, porque muitas vezes caçam em voo, têm os olhos posicionados mais à frente da cabeça, o que dá a elas um campo de visão binocular muito maior. Em compensação a zona cega também é maior.